As manifestações dos
professores, o descuido do poder executivo e os “sem vandalismo”.
Caro leitor,
essa matéria, diferentemente das outras, não foi escrita por apenas um
integrante do Blog. Ela é resultado de um trabalho conjunto dos três colunistas
fixos e mais um convidado sendo assim ela apresentará diferentes visões e
interpretações a cerca do mesmo fato.
Desde junho, ocorrem manifestações de rua contra algumas medidas
tomadas pelo poder público, com o estopim sendo o aumento da passagem para mais
20 centavos no Brasil todo praticamente, porém, as pautas iam muito além disso.
As grandes massas foram para as ruas após o corte do aumento dos 20 centavos, o
que não está errado, porém as pautas e reivindicações não eram claras e
objetivas, sendo um mar de cartazes e gritos de diversos assuntos sem uma
centralização.
Mais recentemente, os professores entraram em greve nas escolas
municipais, estaduais, reivindicando um plano de carreira. Tal plano deveria
ser discutido e elaborado em conjunto acordo entre todas as esferas envolvidas
(sindicato dos profissionais da educação, vereadores e prefeitura). Isto não
foi atendido e um plano elaborado pelo prefeito Eduardo Paes foi votado na
câmara dos vereadores (com um grande protesto do lado de fora) já que o plano
traria benefícios maiores aos professores de 40 horas semanais, os outros
professores que compunham mais de 90% da classe não foram beneficiados.
Os professores foram às ruas para protestar, com total apoio dos
Black blocks, que para surpresa da grande maioria, inclusive dos professores,
estavam em total apoio com os profissionais da educação. Os que antes eram
vistos como “jovens vândalos” tiveram uma imagem diferenciada depois da
manifestação do dia da votação da câmara. Os professores também estavam enganados
num primeiro momento, também achavam que eram só “vândalos querendo quebrar
tudo”, mas não eram. Defenderam grande parte dos professores na truculência do
Estado (que age desta forma contra professores, manifestantes, mulheres...
porquê será?) e receberam total apoio.
Na manifestação do dia 07/10/2013 sendo a maior referente a greve
dos professores (até o dia de hoje) foram mais de 100 mil as ruas em total apoio
aos professores e suas reivindicações, profissionais, estudantes,
trabalhadores, todos defendendo uma melhoria a esta profissão tão importante e
completamente desvalorizada. Os Black blocks, num ato de representação, tacaram
bombas na Câmara dos Vereadores, e receberam mais uma vez total apoio da classe
dos professores, que vibrava com a atitude. O povo não aguenta mais receber
truculência e ficar acomodado, o povo não aguenta mais o descaso do poder
executivo com suas reivindicações e ficar calado, e aos que continuam com o
discurso de que o vandalismo atrapalha isto é a resposta do povo, é uma forma
de demonstrar nossa raiva e indignação, é uma imagem para causar impacto mesmo.
Todos somos professores, todos somos Black block, todos somos manifestantes,
todos somos parte do povo!
O dia sete de outubro de 2013 vai ficar marcado, pelo menos para
mim, como a data em que a educação do Estado do Rio de Janeiro começou a
trilhar o caminho para a sua definitiva melhora. O que pude constatar durante a
greve é que pautas tradicionais, como a questão salarial, ficaram em um segundo
plano. Através do debate acerca do plano de cargos carreiras e salários os
profissionais da educação passaram a questionar outros temas de extrema
importância como: a autonomia pedagógica e a própria democracia.
Os “legítimos” representantes do povo estão usando de força possível
para reprimir aqueles que os questiona. Essa repressão se dá não somente
através de seu braço armado (polícia), mas também através de seu órgão
midiático. Jonalecos de meia pataca e emissoras de merda vendem o terror para a
grande parte da população. As imagens de bancos quebrados são amplamente
divulgadas e causam orgasmos sensacionalistas em apresentadores de telejornais
ao passo que as imagens de pessoas sendo atingidas por gás de pimenta são
colocadas como algo trivial. Segundo Malcolm X é preciso tomar cuidado, pois se
você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo
oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo.
Mesmo correndo o risco de terem seus salários descontados e de
apanharem da policia militar os profissionais da educação continuam nas ruas. A
luta pela educação pública de qualidade ganhou o apoio de vários movimentos
sociais, mas o mais importante apoio somando a essa luta, é sem sombra de
duvida, o apoio da camada jovem da população. Os jovens passaram a sentir que
existe um enorme descompasso entre o discurso que se diz democrático e as ações
que mais lembram os períodos ditatoriais. Bandeiras partidárias não mais
representam essa camada jovem, elas estão sendo lentamente substituídas pelas
“bandeiras” ideológicas do anarquismo e do comunismo.
Gostaria agora de me focar em um assunto que tem ficado mais em evidência devido a constante presença da polícia nos protestos. Desde junho os primeiros protestos foram reprimidos com muita violência, aquelas armas que se dizem não letais fizeram vítimas fatais e a polícia que já a muito tempo carrega a alcunha de bandidos fardados ganhou a medalha por atirar em qualquer um sem motivo.
Muito se disse na mídia que a polícia era despreparada, isso claro após atingirem os jornalistas e os manifestantes sem pauta da classe média, ai nesse momento, o movimento ganhou visibilidade da mídia e passou a ser entendido como início de manifestações pacíficas seguidas de anarquista, comunistas e "mascarados" quebrando tudo, sempre é claro com a devida violência do Estado. Agora a reflexão que trago é a seguinte, será mesmo que nossa polícia é despreparada? Tenho sérias dúvidas quanto a isso, afinal ela tem se mostrado muito eficiente em prender membros de movimentos sociais assim como usar dos mais variados armamentos contra o povo, ela é claro está ali com um objetivo e claro ele destoa muito dos dizeres que estão do manual do bom policial, estão ali para desestruturar e dispersar a manifestação, para que ela não aconteça, a não ser quando a maioria do que temos de mais reacionário no Brasil que ainda se caracteriza por um país muito conservador vai a rua protestar contra a corrupção (leia-se PT e Mensalão) e quando estão reclamando das bolsas "esmolas" e cotas, nesse caso a repressão da polícia quase não existe, e somente existe com grupos específicos. Para terminar essa pequena contribuição queria deixar dois pontos interessantes.
Aos que criticam as bolsas e outras formas de redistribuir renda digo, é claro que dar dinheiro não resolver o problema da fome no país, mas é muito fácil falar que é mais fácil dar escola e ensino técnico a longo prazo sendo que a fome mata a curto prazo.
Aos que criticam os vidros quebrados nos protestos, queria dizer uma coisa a você que chama uma vidraça quebrada de vandalismo ao mesmo tempo que finge não ver o menino na rua dormindo, gostaria de entender porque um ser inanimado pode sofrer violência enquanto uma criança é só mais uma viciada de rua? Acredito de verdade que pessoas assim devem rapidamente visitar um psicologo afinal está com algum problema.
Texto Escrito por
Alan Aragão
Felipe Alves
Valdeir Conegundes