Marc Bloch
foi um autor do mais estudados e reconhecidos no decorrer do século XX e ainda
está muito atual no século XXI, seja por suas ideias que desenvolveram em muito
a historiografia, ou ainda pelo seu trabalho acerca dos estudos da Idade Média.
Marc Léopold
Benjamim Bloch, nascido em Lyon no dia 6 de julho de 1886, filho também de
outro historiador, porém este era professor de história Antiga, participou da
primeira grande guerra, estando servindo na infantaria, foi ferido e condecorado
por mérito. Um dos pontos altos de sua vida foi quando ingressou na
universidade de Estrasburgo e encontrou Lucien Febvre que seria seu amigo e
companheiro de trabalho, com quem junto fundou a Revista do Annales, que depois
de sua fama se tornou conhecida como Escola do Annales, que de fato nunca se
tornou uma escola, e sim um desenvolvimento da historiografia frente a história
positivista praticada até então.
Sua obra mais interessante sem dúvida foi a
Apologia da história, livro que foi escrito dentro da prisão, para entender
isso novamente devemos estudar o contexto de vida de autor, era
um autor Francês, na segunda guerra mundial seu país foi atacado pela Alemanha
nazista e Marc Bloch não perdeu tempo e fez parte da resistência a invasão
nazista, infelizmente essa resistência não foi bem sucedida e ele escreveu dois livros nesse período, um chamado “A estranha derrota” e dentro do presídio
nazista escreveu “Apologia da história ou o ofício do historiador”,
infelizmente no dia 16 de junho de 1944 foi fuzilado pelos nazistas, neste dia
perdemos um grande historiador, e sem dúvida um grande homem.
Marc Bloch durante a Segunda Guerra |
O livro
parte da pergunta de um filho a um pai sobre qual a função da história, a
partir deste ponto o autor desenvolve teoria do que seria o verdadeiro trabalho
de um historiador. Devemos lembrar que ele também trabalha no entendimento de
como deve ser visto o passado frente ao presente. No decorrer do livro Marc
Bloch defende que não devemos olhar o passado com ideias e aspirações do
presente, assim como devemos entender que ao passar das gerações as
mentalidades mudam e assim escolhas e atitudes mudam junto, ele defende que
devemos olhar o passado pelos olhos do passado, entender a idade média por
exemplo, pela visão do autores da época, estudando a mentalidade daqueles que
nela viveram e a partir disto entender qual herança aquele período nos deixou,
fazer o famosos links históricos entre o passado e presente.
O autor
ainda trabalha com a ideia de que muitas vezes algumas respostas não podem ser
dadas pela história, e talvez sim pela antropologia, ciências sociais e não
para por ai, temos atualmente respostas que vieram da medicina, da matemática,
ou seja, ele acredita que o historiador deve beber de múltiplas fontes para
buscar a resposta, e ainda trabalhe em conjunto com uma série de outros
profissionais, ele mesmo nos deixa um exemplo em seu livro, que relata sobre
uma área que sofre diversas transformações geográficas, o interessante do relato é no sentido de mostrar o trabalho interligado de Historiador e um
Geólogo, mas logo se percebe que a ajuda de mais um profissional de outra
disciplina não faria mal.
Ao final do
livro o autor ainda nos leva a reflexão sobre o que cabe ao historiador,
compreender ou julgar a história?
“ Ora, por
muito tempo o historiador passou por uma espécie de Juiz dos infernos,
encarregado de distribuir o elogio ou o vitupério aos heróis mortos.”
(Apologia da história, p. 125 editora Zahar)
O autor nos leva a uma longa reflexão que no
fundo sempre lembra a questão. O trabalho do historiador não deve se confundir, deve-se entender a ação do homem no tempo sem que se atribua valores, ou que se faça julgamentos.
Um último
ponto clássico do seu livro é sobre as fontes, para entender isso devemos ver o
que foi o positivismo, em poucas palavras era o método historiográfico usada
até o momento da criação da Escola dos Annales, era baseado em usar documentos
oficiais e ainda se prender ao fato oficial, sem em geral relativizar ou ainda
tentar interligar os fatos para criar uma analogia e outros desenvolvimentos.
Duas considerações devem ser feitas, primeiramente o positivismo não deve ser
tido como errado, foi um fruto do seu tempo e portanto no momento que foi
criada caracterizou um avanço assim como quando a Escola Annales foi criada
como fruto do seu tempo e marcou outro desenvolvimento, e segundo, devemos
lembrar que mesmo após os avanços historiográficos do século XX o positivismo
ainda continuou a ser usado, principalmente em livros escolares, o que facilita
e de certa forma incentiva a prática de decorar a história.
O autor
defende que diferentemente da historiografia anterior sejam usadas quaisquer
fontes, fotos, gravuras, pinturas, poemas, diários, arqueologia e
muitos outros frutos do período estudado.
Um ponto
importante de ser elucidado é, como disse anteriormente este livro foi escrito
dentro de uma cadeia, logo ele não teve acesso a algumas anotações, ou ainda
livros para consultar, e o próprio autor diz no decorrer da obra que como não
tem onde consultar pode estar passando alguns dados errados. Isso sem sombra de
dúvida não diminui o peso dessa obra que é de suma importância para qualquer um
que pretenda estudar história com seriedade.
Alan Aragão Nunes
Fontes:
Apologia da história ou o ofício do historiador - Marc Bloch, editora Zahar
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