29 abril 2013

História e cultura muçulmana


  O que a mídia mostra nem sempre é a verdade, e aqui está um outro assunto que costumeiramente é tratado de forma bastante superficial e tendenciosa.

 A cultura do povo muçulmano é muito rica, claro que costumeiramente ver notícias de mulheres apedrejadas  nos faz pensar que seria melhor essa cultura acabar, mas vou tentar por meio desse texto nos levar a uma pequena reflexão.

 Guerras Santas, invasões, apedrejamentos e assassinatos em nome de uma divindade, possivelmente são coisas que acontecem no mundo islâmico, mas também esteve presente no Cristianismo. Cruzadas, inquisição, movimentos de invasões a outros territórios com o objetivo de espalhar a fé entre outros acontecimentos.

 Não estou procurando colocar mais lenha nessa fogueira santa, mas só quero trazer o pensamento de que não é só nessa religião que coisas hoje tratadas como repugnantes estão presentes.

 Esse assunto mais do que outros está cada vez mais distante da cultura geral,  por meio dos povos muçulmanos e sua expansão chegaram a nós muitos textos da antiguidade, incluindo textos gregos que foram de grande importância até mesmo para o cristianismo,  como por exemplo, os textos de Aristóteles que foram cristianizados por S. Tomas de Aquino que assim deu um grande salto na escolástica (pensamento filosófico e religioso presente nas Universidades medievais).

No que acredita o muçulmano ?
 No entendimento da própria fé o homem ou mulher muçulmano se entrega totalmente nas mãos do deus único e criador, apesar de costumeiramente atribuírem a criação da religião a Maomé não é assim que o povo vê, eles acreditam que Maomé foi o último grande profeta, que veio trazer a verdadeira e suprema vontade de deus.

 Na visão do povo muçulmano Allah irá julgar a todos no dia do juízo final, segundo a tradição todos serão julgados baseados nos atos e pensamento terrenos, e tudo será pesado em comparação a confissão de fé que o homem pode oferecer a deus, segundo a crença ele terá o céu e terra na sua mão direita no momento do fim.
 Como Maomé então fez parte dessa religião ?
 Maomé nasceu no século VI da nossa era, com o nome de Bu I-Qasim Ibn Abdallah Muhammad, veio de uma família de mercadores, logo jovem perdeu os pais, crescendo ao lado do seu tio Ab Talib nas proximidades de Meca. Aos 25 anos aproximadamente começou a trabalhar em caravanas de comércio para uma rica viúva, Hadidja. Casou-se com esta mulher 15 anos mais velha e com ela viveu bem, de modo que se manteve com essa mesma esposa até a morte dela.

 Mais ou menos aos 40 anos de idade Maomé se dedicou a estudar meditar em cavernas, o que levou ele a se sentir inspirado pelo arcanjo Gabriel ( o mesmo que anunciou jesus), após isso se seguiram sonhos com o deus Allah (que já era presente nas religiões muçulmanas politeístas, ocupando o posto de deus superior), depois de noites e noites com essas ideias ele entende junto com sua mulher que ele foi chamado como profeta de deus.

 Ele passou então bom tempo se dedicando exclusivamente a propagar a palavra, em Meca sua fé foi rejeitada, já que o mundo árabe até então era firmado em raízes politeístas (acreditavam em vários deuses), com apenas 70 seguidores caminhou até a cidade de Yathib (Conhecida como Medina, a cidade do profeta), [neste exato momento de peregrinação o povo muçulmano começa a contar seus anos, estando portanto em meados dos anos de 1400] e continuou a propagar sua fé, retornando a Meca somente próximo de sua morte.

 Pela visão muçulmana como foi visto, Maomé não é o criador nem mesmo o deus, porém somente um profeta, e segundo o seu povo, assim como Jesus e Abraão anteriormente, na visão deste povo, Jesus somente tem a parte humana, sem ser filho de deus ou ainda ter poderes dados pela divindade.

 O crente deve seguir uma série rígida de regras, dentre elas podemos citar as cinco “colunas do islã”:
1 – O testemunho de fé que deve ser feito por todo crente, sendo esse o responsável que será levado ao criador para julga-lo.
2 – As orações obrigatórias que são sempre rezadas em direção a Meca, culturalmente se deve faze-las nas mesquitas e em grupo, mas ausente essa possibilidade ela deve ser feita em qualquer lugar, desde que virada para Meca.
3 -  O homens e mulheres adultos devem jejuar por 30 dias, somente se alimentando ao final do dia, quando todos se reúnem para uma refeição comum.
4 – Os fiéis são estimulados a doar e pagar esmolas aos mais pobres, de forma que não existam pessoas muito ricas e outras muito pobres.
5 – Tida como mais importante, o fiel deve pelo menos uma vez na vida ir a Meca, enquanto a saúde e o dinheiro permitir, existe na cidade, um mês dedicado a receber os viajentes.

 Por fim podemos ainda observar que por meio de comércio com a África principalmente, a fé se espalhou para o continente, sendo presente principalmente no  norte da África e no oriente, atualmente uma das três maiores religiões do mundo.

 Devo ainda lembrar que esse texto é puramente uma entrada ou ainda degustação para o assunto, com a bibliografia e fontes que daremos é possível se aprofundar e entender melhor esse grande mundo que no passado foi ponto de difusor de muita ciência e tecnologia, ainda que a grande mídia mostre ao contrário. Seria até impossível explicitar em apenas um texto, todo uma teologia como a muçulmana.


 Alan Aragão Nunes


Fonte:

Idade Média: O nascimento do Ocidente - Hilário Fr. Júnior.
África e Brasil africano - Marina Mello e Souza.
Uma breve história de religiões e de fé - autor desconhecido.

4 comentários:

  1. GOSTEI MUITO DA MANEIRA EM QUE FOI ABORDADO O TEMA . MUITO BOM MESMO , PARABÉNS!!!

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    1. Obrigado, tentamos abordar o tema de forma histórica, e evitarmos ao máximo esteriótipos, somente assim poderemos ver o mundo islâmico pelos olhos do próprio.

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  2. Parabéns pelo cite bem organizado e com informações muito boas.

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