A História
tradicional tem trabalhado em geral visando aspectos econômicos ou sociais, se
focando talvez em grandes nomes e documentos oficiais como fizeram no
positivismo ou ainda usando até mesmo uma foto no interior de uma caixa como
fonte primária de um estudo que mudará o que sabemos sobre o período
apresentado como fariam os da Escola dos Annales.
Alguns historiadores
discordarão mas eu acredito que entender como era a vida das pessoas dos
séculos passados é também tão importante quanto entender como andava a vida
política do país ou cidade na qual ela habitava, em outras palavras entender
qual era o assunto do dia-a-dia das pessoas, quais eram piadas ou comédias que
preferiam, ou ainda como comiam ou como era sua vida social.
Em poucos momentos da
história a comida e a bebida foram tão opulentas, isso não quer dizer que eram
abundantes mesmo apesar de se conseguir mais áreas de cultivo e ainda melhorar
a produção. A população em franca expansão na retomada do crescimento após a
crise do século XIV, muitos morriam em decorrência da fome, na realidade a fome abria espaço para um número quase ilimitado de enfermidades.
A alimentação
cotidiana não era nem um pouco abundante, ao contrário da alimentação diária da
nobreza, não rara eram as vezes que a população de extrema carência se
alimentava graças à ação dos paroquianos, em geral eram oferecidos sopas com
pão ou queijo, pouca água era consumida a bebida mais consumida no Ocidente
Europeu era o vinho, enquanto que mais ao Oriente da Europa a cerveja era mais
consumida. As carnes fosse de qualquer origem eram consideradas um luxo que era
somente reservado para grandes ocasiões.
A situação era bem
diferente nas camadas nobres, como era de se esperar a alimentação era outra
forma de afirmação da sua posição social que era importante mostrar. Grandes
banquetes eram realizados em ocasiões como casamentos, batismos e enterros,
esse banquetes monumentais duravam horas, e em geral conheciam a satisfação dos
convidados com sua total embriaguez. Interessante notar que muitos nobres em
geral de pequeno grau acabavam por se arruinar economicamente somente para que
consiga ostentar em grandes banquetes.
A vida do casal no
que se refere a sua sexualidade está muito ligada ao que foi deixado nos
tratados de teologia moral, e a alguns registros de confissão. Para os ideais
cristãos os prazeres carnais são vistos como uma prisão do espírito no corpo, impedindo que este se eleve a Deus. De certa forma a atividade sexual era
entendida nos manuais cristãos como forma de procriar e assim formar uma
família legítima, em outras palavras o casamento poderia ser entendido como um
remédio dado por Deus ao homem com o objetivo de preserva-lo.
No século seguinte o
discurso começa mudando ao afirmar que o prazer não era pecado quando a união
se efetuasse com o cônjuge, era condenada a busca do prazer somente, ou ainda o
uso de algum método para cancelar o sentido principal da união sexual que era
reprodução. A sexualidade era muito regrada, não era aconselhável praticar
relações sexuais no dias de “impureza” da mulher, no período de gravidez,
aleitamento e em dias de festas, que eram em torno de cento e vinte no século
XVI. Além disso a relação sexual devia acontecer na posição dita natural, com a
mulher deitada de costas e o homem por cima, qualquer outra posição era
considera “contra-natura”, se entendia até que algumas posições, por lembrarem
animais copulando era consideras animalizadas e bestializadas. A posição natural
por sua vez não podia se inverter com a mulher sobre o homem, afinal era contra
a moral cristã no que se refere a mulher ser naturalmente submissa ao homem.
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