28 agosto 2013

Estereótipos e preconceitos relacionados ao continente africano, aos africanos em geral e a continuidade nos dias de hoje.

   Todos nós sabemos que há um preconceito no campo “racial” no mundo todo, referente principalmente aos negros.

    Analisando os comentários das pessoas que você conhece, provavelmente irá ver uma ideia de inferioridade do negro, seja no campo intelectual ou em outros aspectos. E é claro que estes pensamentos tem grande influência histórica e social, com estereotipias e preconceitos enraizados há séculos e que permeiam a sociedade até hoje.

   Em diversos campos de análise poderemos ver ideias que desqualificam e minimizam o continente africano, partindo do pressuposto de inferioridade e das razões para isto.

   No campo geográfico, vemos uma análise dos europeus que chegavam a conclusão de que o norte do planeta, onde a ficava a civilização europeia, era superior, e a inferioridade do continente africano, da selvageria e barbárie dos seus habitantes, sendo até impossibilitada de vivência por parte dos “civilizados” por decorrência de um “calor escaldante” e fazendo uma clara analogia ao paraíso (norte) e inferno (sul, continente africano, fadados as piores mazelas). Estão aqui presentes também na imaginação do europeu medieval um continente africano com seres mitológicos, com humanos com cabeça de cachorro, pigmeus e toda uma leva de fantasias, além do reino de Preste João, um reino cristão que ajudaria os mesmos na disputa contra os muçulmanos. Todas essas suposições se baseiam no mapa mundi conhecido que coloca a Europa como centro da Terra.

   Outra razão para esta visão seria que os africanos são descendentes de Cam, um dos filhos de Noé, que teria zombado do pai* (no caso por ele estar nu depois de tomar vinho, porém a nudez pode estar relacionada a atividade sexual e a tradução não foi perfeita) e estaria fadado a escravidão, por uma maldição de Noé a Canaã, filho de Cam.

   Há tempo preconceitos que remetem a antiguidade clássica, onde os povos do idioma berbere (númidas, maurtiânios, líbios) deram origem ao termo bárbaro*. (bárbaro é o termo usado pelos de origem Greco/romana a todos os povos que não partilhavam da cultura, religião e estrutura social dos romanos e que tiveram grande influência da Grécia Antiga.)

   Com o tempo e permeando ainda características que subalternizam o continente africano e seu povo, os europeus da fase do imperialismo determinavam que a África não detivesse “civilização”, sendo até pensado em retirar a civilização egípcia do continente africano, pois “uma civilização notável como a egípcia não poderia ter nada a ver com um continente selvagem como o africano”. Assim sendo, os europeus estariam fazendo um favor aos africanos em geral trazendo civilização para estes povos.

   Todas estas imagens trazem a tona um continente que há tempos passa por uma imagem de inferioridade e algo que não deve ser entendido como civilizatório, negando um relativismo cultural e de organizações sociopolíticas diferentes e de uma complexidade enorme no continente africano, que poderemos falar em outro texto.

   O continente africano hoje em dia passa por uma visão de que podemos chamar de “afro pessimismo” onde há a ideia de que o continente não poderá ter um futuro próspero, estando apenas com doenças, pobreza, miséria, e suas belas paisagens naturais são as únicas imagens que permeiam no imaginário das pessoas.

   Trazendo agora exemplos mais próximos de nós, sabemos que os africanos das mais diversas etnias foram trazidos para o Brasil como escravos, para fazer um trabalho manual e em condições completamente precárias. Considerando mais de três séculos de escravidão no Brasil, e seus 513 anos de “história” no que se refere ao olhar europeu para as terras já habitadas por nativos, chamados de índios, temos grande parte desta história negros escravos (e alguns indígenas) movendo a economia de nosso país, estando fadados a submissão perante os brancos, apesar de terem tido revoltas como os famosos quilombos.

   Observando todo este cenário, claramente chegamos à conclusão de que os negros até hoje são considerados de uma forma preconceituosa, e apesar de estarem em grande número no Brasil, são poucos os que adquirem altos cargos nos empregos e empresas, ou os que conseguem uma vaga numa universidade* (Com o advento das cotas, esse quadro melhorou, mas não resolveu.) Podemos também observar que são poucos médicos, refletindo sobre o médico negro cubano que foi vaiado por médicos e médicas do sindicato de medicina em sua chegada ao programa Mais Médicos, que são negros aqui no Brasil.


   Está claro que as influências das diversas imagens que inferiorizam o negro estão presentes até hoje, seja no humor, onde vemos características de um negro expostas ao ridículo, seja na pequena frase “tinha que ser negro”, ou em casos mais alarmantes como ser racista definido (temos muitos até hoje, apesar da melhoria com o tempo). No campo social com muitos negros prestando serviços braçais e manuais, e recebendo salários baixíssimos pelo trabalho* (Não estou dizendo que só negros façam trabalhos a salários baixos, apenas estou alertando que são maioria.)



Felipe Alves

Fontes:
Jean Delumeau – A civilização do Renascimento

Maurício Waldman e Carlos Serrano - Memória D'áfrica

Marina de Mello e Souza – África e Brasil Africano

2 comentários:

  1. bom estou estudando a maior parte no colegio e a outra ja consegui lembrar dos anos passados

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