04 agosto 2013

Durkheim e o aprisionamento feito pela sociedade: Uma reflexão


    A sociedade como um todo existe e não pode ser negada, partindo da concepção durkheimiana. Mas quem foi Durkheim?

   Irei fazer uma breve introdução de seu estudo para facilitar o entendimento do texto.

   Durkheim foi um grande teórico da sociologia positivista, estudando a sociedade e usando como objeto de estudo os fatos sociais. Para algo ser um fato social, ele necessita de três características: Coerção social, ou seja, uma força que submete o indivíduo sem que ele tenha escolha sobre a mesma, dando como exemplo o idioma que ele aprende, ou o código de leis vigente no local.

   Outra característica de um fato social é que o mesmo deve ser exterior aos indivíduos, ou seja, existe antes do nascimento do indivíduo e permanecerá depois, como costumes, comunicação, sentimentos, leis. Sendo as mesmas coercitivas e impondo ao indivíduo certa “padronização”.

   E como última característica a generalização, onde se repete na maioria dos indivíduos de um local, demonstrando uma natureza coletiva.



   Partindo destes princípios, vamos a reflexão: Não seríamos nós apenas subprodutos de uma sociedade que impõe desde o momento do nosso nascimento até a morte todo tipo de opressão no sentido de formação de caráter e personalidade?

   Nossa localização no tempo histórico pré determina e pré define quase tudo que fazemos, como linguagem, costumes, etiqueta e muitas vezes convicções religiosas. Logo, vivemos enclausurados e aprisionados num determinado espaço/tempo que estamos inseridos. Dando um exemplo histórico, os homens que viveram há 1000 anos atrás na Europa Feudal, não tinham condições mentais de imaginar uma sociedade que vivia nas Américas, pois os mesmos não sabiam da existência e nem podiam imaginar os costumes e padrões destes homens. (Em fins do século X, os vikings chegaram a “descobrir” a América, porém, não ficaram por muito tempo e não demonstraram ao resto da Europa, logo, muitos ainda não sabiam da existência dos povos além mar).

   Como hoje, nós não podemos imaginar uma vida fora do planeta Terra, onde não descobrimos ainda e não temos capacidade de visitar outras galáxias para esta imaginação. Talvez, no futuro, os homens (se a humanidade existir) irão ter contato com vidas extraterrestres que nós, desse tempo, nunca imaginaríamos.

    Mas voltando a reflexão, toda nossa personalidade está pautada em valores e morais que estamos vivenciando numa sociedade que pratica uma coerção “indireta” em nós. A localização social que estamos também, muitas vezes, define nossas expectativas, nossos sonhos e nosso futuro, baseando papéis “certos” para os indivíduos, e punindo os mesmos de forma legal (dentro das leis) ou espontânea (dentro das condutas e valores atuais).

    Muitas práticas que não são aceitas pela consciência coletiva, expõem os “infratores” ao ridículo e privam o mesmo de uma liberdade individual que quase não existe, sendo pré-definido o que o mesmo deve ou não fazer.
Estamos enclausurados na sociedade, no tempo, no espaço e nos vemos presos há todo momento, em qualquer lugar, na forma de sanções.

    O trabalho, a diversão, o amor, a forma de viver e todos os outros aspectos individuais que pensamos que escolhemos sozinhos, estão acima de nós num processo muito mais amplo e permeia a todos.
Para terminar a reflexão, irei colocar um trecho do livro Perspectivas  Sociológicas de Peter Berger para finalizar a compreensão:


“ Nossa sociedade constitui uma entidade histórica que se estende temporariamente além de qualquer biografia individual. A sociedade nos precedeu e sobreviverá a nós. Nossas vidas não são mais que episódios em sua marcha majestosa pelo tempo. Em suma, a sociedade constitui as paredes de nosso encarceramento na história.”

Felipe Alves

Fontes:
Perspectivas Sociológicas – Peter Berger
Introdução a Sociologia --  Cristina Costa

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