28 março 2013

O futuro imita o passado ?


  Política de isolamento populacional, desapropriações, fraudes e superfaturamento de obras. É nesse clima de acusações que a atual prefeitura efetua seu projeto de melhoramento da cidade. Ao lançar um olhar histórico acerca dos fatos vamos constatar que essa não é a primeira vez que o poder público promove uma intervenção urbanística de grande porte.  

  Entre os anos de 1902 e 1906 a cidade viveu a chamada “Reforma Pereira Passos”. Esferas públicas e privadas trabalharam de forma articulada para “transformar” o Rio de Janeiro, então capital do país, em uma cidade moderna. Dentre as várias mudanças ocorridas, podemos destacar a modernização do porto (devido à exportação do café), e a abertura da avenida central. A política de higienização e de prevenção de doenças, criada por Oswaldo Cruz, gerou em 1904 um movimento conhecido como Revolta da Vacina. Essa política tinha como objetivo erradicar os casos de Febre Amarela, mas devido o caráter autoritário da prefeitura ao empregá-la, acabou por gerar na população um sentimento de medo e aversão. Essas reformas foram responsáveis pela consolidação das contradições já existentes na cidade, além de criar inúmeras outras. 

  Posto isso podemos concluir que devido aos grandes eventos internacionais (copa e olimpíadas) a cidade do Rio de Janeiro irá passar por inúmeras mudanças estruturais análogas às do passado. As instâncias públicas e privadas estão de braços dados para promover essas tais transformações. Mega empresários como Eike Batista investem em infra-estrutura (porto do Açu) e em embelezamento da cidade (limpeza da lagoa Rodrigo de Freitas), enquanto que políticos lutam até a última gota de sangue para garantir verbas para o estado (questão dos royalties), cuidam das mazelas sociais (internação compulsória de dependentes químicos), e garante espaços para as construções (desapropriações). Infelizmente, grande parcela da nossa sociedade está assistindo de forma passiva aos mandos e desmandos das autoridades políticas. Talvez as revoltas como no século passado não sejam as melhores formas de luta para a resolução dos problemas, mas é melhor que ficar parado.   

Você sabia?

Na segunda metade do século XX, a Light (companhia responsável pelo fornecimento de eletricidade na cidade do Rio de janeiro) lançou uma forte empreitada a fim de monopolizar o transporte público da cidade do Rio de janeiro.

Segundo a empresa os automóveis particulares eram os grandes responsáveis pelos congestionamentos nas áreas centrais da cidade. Para resolver tal situação a empresa afirmava que o futuro da cidade estava na disseminação do transporte sobre trilhos (bondes), e que os ônibus deveriam atuar somente como complemento nas áreas onde o bonde não pudesse atuar.
 
Para garantir sua “fatia” no mercado do transporte, a Light criou em 23 de novembro de 1927 a Viação Excélsior Auto. A empresa adotou uma série de melhoramentos em seus ônibus: dispositivo regulador da velocidade, caixas coletoras para bilhetes, cuidados para que a capacidade máxima de lotação não fosse ultrapassada, etc.








Valdeir Conegundes

Fontes:

(A Light)
Américo freire, revista do arquivo geral da cidade do rio de janeiro n°.6 2012
Artigo “a Light e os transportes coletivos no Rio de janeiro: roteiro de questões”

(Reforma Passos)
Abreu, Mauricio de. A evolução urbana do Rio de Janeiro.

(Eduardo Paes posando de novo Pereira Passos)
http://oglobo.globo.com/rio/em-campanha-paes-tenta-vincular-sua-imagem-as-transformacoes-feitas-por-pereira-passos-5433676


2 comentários:

  1. Ótima crítica, só acho que poderia também ter falado da questão de locais onde serão "destruídos" por conta dessas novas obras. Tem também questões como a Perimetral, talvez o Parque Aquático Júlio de Lamar seja destruído por conta de um estacionamento, entre outros. Esse tema é muito rico e dá pra se aprofundar bastante (se bem que o texto ficaria enorme, mas eu leria, com certeza!). Mas bom texto, parabéns ao blog!

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    1. Obrigado por comentar Michele. Você tem razão o tema é muito rico e provavelmente vamos abordar em um outro mento outros aspectos desse tema. As questões das demolições arbitraria do prefeito merecem todo o destaque possível. Mais uma vez obrigado pelo comentário e aguarde que mais textos estão por vir.

      Valdeir Conegundes

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