Política de
isolamento populacional, desapropriações, fraudes e superfaturamento de obras.
É nesse clima de acusações que a atual prefeitura efetua seu projeto de
melhoramento da cidade. Ao lançar um olhar histórico acerca dos fatos vamos
constatar que essa não é a primeira vez que o poder público promove uma
intervenção urbanística de grande porte.
Entre os
anos de 1902 e 1906 a cidade viveu a chamada “Reforma Pereira Passos”. Esferas
públicas e privadas trabalharam de forma articulada para “transformar” o Rio de
Janeiro, então capital do país, em uma cidade moderna. Dentre as várias
mudanças ocorridas, podemos destacar a modernização do porto (devido à
exportação do café), e a abertura da avenida central. A política de higienização
e de prevenção de doenças, criada por Oswaldo Cruz, gerou em 1904 um movimento
conhecido como Revolta da Vacina. Essa política tinha como objetivo erradicar
os casos de Febre Amarela, mas devido o caráter autoritário da prefeitura ao
empregá-la, acabou por gerar na população um sentimento de medo e aversão.
Essas reformas foram responsáveis pela consolidação das contradições já
existentes na cidade, além de criar inúmeras outras.
Posto isso
podemos concluir que devido aos grandes eventos internacionais (copa e
olimpíadas) a cidade do Rio de Janeiro irá passar por inúmeras mudanças
estruturais análogas às do passado. As instâncias públicas e privadas estão de
braços dados para promover essas tais transformações. Mega empresários como
Eike Batista investem em infra-estrutura (porto do Açu) e em embelezamento da
cidade (limpeza da lagoa Rodrigo de Freitas), enquanto que políticos lutam até
a última gota de sangue para garantir verbas para o estado (questão dos royalties),
cuidam das mazelas sociais (internação compulsória de dependentes químicos), e
garante espaços para as construções (desapropriações). Infelizmente, grande
parcela da nossa sociedade está assistindo de forma passiva aos mandos e
desmandos das autoridades políticas. Talvez as revoltas como no século passado
não sejam as melhores formas de luta para a resolução dos problemas, mas é
melhor que ficar parado.
Você sabia?
Na segunda
metade do século XX, a Light (companhia responsável pelo fornecimento de
eletricidade na cidade do Rio de janeiro) lançou uma forte empreitada a fim de
monopolizar o transporte público da cidade do Rio de janeiro.
Segundo a
empresa os automóveis particulares eram os grandes responsáveis pelos
congestionamentos nas áreas centrais da cidade. Para resolver tal situação a
empresa afirmava que o futuro da cidade estava na disseminação do transporte sobre
trilhos (bondes), e que os ônibus deveriam atuar somente como complemento nas
áreas onde o bonde não pudesse atuar.
Para
garantir sua “fatia” no mercado do transporte, a Light criou em 23 de novembro de 1927 a Viação Excélsior Auto. A empresa adotou uma série de melhoramentos em seus
ônibus: dispositivo regulador da velocidade, caixas coletoras para bilhetes,
cuidados para que a capacidade máxima de lotação não fosse ultrapassada, etc.
Valdeir Conegundes
Fontes:
(A Light)
Américo freire, revista do arquivo geral da cidade do rio de janeiro n°.6 2012
Artigo “a Light e os transportes coletivos no Rio de janeiro: roteiro de questões”
(Reforma Passos)
Abreu, Mauricio de. A evolução urbana do Rio de Janeiro.
(Eduardo Paes posando de novo Pereira Passos)
http://oglobo.globo.com/rio/em-campanha-paes-tenta-vincular-sua-imagem-as-transformacoes-feitas-por-pereira-passos-5433676
Américo freire, revista do arquivo geral da cidade do rio de janeiro n°.6 2012
Artigo “a Light e os transportes coletivos no Rio de janeiro: roteiro de questões”
(Reforma Passos)
Abreu, Mauricio de. A evolução urbana do Rio de Janeiro.
(Eduardo Paes posando de novo Pereira Passos)
http://oglobo.globo.com/rio/em-campanha-paes-tenta-vincular-sua-imagem-as-transformacoes-feitas-por-pereira-passos-5433676
Ótima crítica, só acho que poderia também ter falado da questão de locais onde serão "destruídos" por conta dessas novas obras. Tem também questões como a Perimetral, talvez o Parque Aquático Júlio de Lamar seja destruído por conta de um estacionamento, entre outros. Esse tema é muito rico e dá pra se aprofundar bastante (se bem que o texto ficaria enorme, mas eu leria, com certeza!). Mas bom texto, parabéns ao blog!
ResponderExcluirObrigado por comentar Michele. Você tem razão o tema é muito rico e provavelmente vamos abordar em um outro mento outros aspectos desse tema. As questões das demolições arbitraria do prefeito merecem todo o destaque possível. Mais uma vez obrigado pelo comentário e aguarde que mais textos estão por vir.
ExcluirValdeir Conegundes